A Incrível História do Zoroastrismo: Conheça Zoroastro!

Poucas figuras na história da espiritualidade são tão enigmáticas e ao mesmo tempo tão influentes quanto Zoroastro – também conhecido como Zaratustra. Ele é o profeta fundador do Zoroastrismo, uma das religiões mais antigas do mundo, com raízes que remontam a pelo menos 1.000 anos antes de Cristo, na antiga Pérsia. Embora os registros sobre sua vida sejam envoltos em lendas e fragmentos históricos, o impacto de suas ideias ecoa até hoje em diversas tradições religiosas e filosóficas.

Zoroastro viveu em um tempo de politeísmo tribal, em que os deuses estavam fortemente ligados aos ciclos da natureza e às forças do cosmos. Foi nesse contexto que ele ousou propor algo radical: a existência de um único Deus supremo, chamado Ahura Mazda, criador de tudo o que é bom e verdadeiro. Essa proposta não só abalou as estruturas religiosas da época, como também lançou as bases para o que mais tarde seria desenvolvido em outras religiões monoteístas.

Segundo textos sagrados como o Avesta, especialmente nos cânticos chamados Gathas atribuídos diretamente a Zoroastro, ele teria recebido uma revelação divina. Diferente dos profetas que afirmam ter encontrado Deus no deserto ou em sonhos, Zoroastro descreveu seu encontro com a divindade como um contato com a pura razão e luz — um momento de clareza espiritual que mudaria não só sua vida, mas o rumo de toda uma civilização.

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O Zoroastrismo como religião revelada

O Zoroastrismo é uma religião profundamente ética. Em vez de enfatizar sacrifícios ou rituais complicados, Zoroastro focava no bom pensamento (Humata), boa palavra (Hukhta) e boa ação (Hvarshta). Essa tríade formava a espinha dorsal do seu ensinamento espiritual. Não se tratava apenas de obedecer leis divinas, mas de se alinhar com a verdade e a ordem cósmica — chamada de Asha — que permeava todo o universo.

O mundo, segundo o Zoroastrismo, está dividido entre duas forças em constante batalha: a da luz e da verdade, liderada por Ahura Mazda, e a da escuridão e da mentira, comandada por Angra Mainyu (ou Ahriman). Mas ao contrário de muitas doutrinas dualistas, o Zoroastrismo é otimista: a vitória do bem é certa. O ser humano é parte ativa dessa guerra espiritual e suas escolhas influenciam diretamente o desfecho do conflito cósmico.

Este conceito introduziu ao mundo antigo a ideia de livre-arbítrio como componente fundamental da fé. O ser humano não era mais uma peça passiva num tabuleiro de deuses caprichosos, mas um agente moral com poder real de decisão. Essa mudança teve implicações profundas, que se refletem em tradições como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo — todas elas herdaram elementos do pensamento zoroastrista.

Zoroastro e sua influência nas grandes religiões

É impossível falar de Zoroastro sem mencionar a influência duradoura que seu pensamento exerceu sobre outras tradições religiosas. Elementos como o julgamento final, o céu e o inferno, a vinda de um salvador (o Saoshyant), a ressurreição dos mortos e a renovação do mundo são conceitos que aparecem no Zoroastrismo muito antes de surgirem em outras religiões abraâmicas.

Diversos estudiosos apontam que durante o exílio babilônico, os judeus entraram em contato com os persas e, portanto, com os ensinamentos zoroastristas. Isso teria marcado profundamente o desenvolvimento do Judaísmo pós-exílico. Por sua vez, o Cristianismo primitivo e o Islã também carregam traços dessas ideias estruturais.

Filosoficamente, o Zoroastrismo também impressiona. O próprio Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, escolheu Zaratustra como personagem central de sua obra “Assim Falou Zaratustra” — uma homenagem irônica e filosófica ao criador da religião da luz e da ética cósmica.

A tradição viva dos zoroastristas

Apesar de milênios de perseguição, diásporas e assimilação cultural, a religião de Zoroastro ainda vive. Hoje, os seguidores do Zoroastrismo são conhecidos como parsis (na Índia) e iranis (no Irã). Eles mantêm viva uma tradição de pureza, respeito ao fogo como símbolo da luz divina, e práticas éticas que resistem ao tempo e à modernidade.

Embora sua presença seja pequena em número, sua herança é imensurável. Os templos do fogo continuam acesos, e os princípios de Zoroastro ainda inspiram pessoas em busca de uma espiritualidade baseada na razão, na ética e na luz interior.

Conhecer Zoroastro não é apenas revisitar uma figura histórica, mas compreender um dos pilares do pensamento religioso e ético da humanidade. É mergulhar numa narrativa rica, com profundidade espiritual e filosófica, que ressoa até hoje nas maiores tradições da nossa civilização.

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