
Quais Empresas da Europa já têm Computadores Quânticos?
A computação quântica tem sido uma das áreas mais promissoras e estratégicas da
tecnologia no século XXI, com potencial para transformar setores inteiros como saúde,
finanças, energia e segurança cibernética. A Europa, ciente da importância dessa revolução,
tem investido pesadamente no desenvolvimento de computadores quânticos, tanto por
meio de programas públicos quanto por meio do apoio a startups e universidades. Países
como Alemanha, França, Reino Unido, Finlândia, Itália, Áustria, Espanha e Países Baixos
estão na vanguarda, com empresas que já produzem qubits reais e atuam em colaboração
com centros de supercomputação e instituições de pesquisa.
Um dos grandes destaques nesse cenário é a empresa IQM Quantum Computers, sediada na
Finlândia. Derivada da Aalto University e do centro de pesquisa VTT, a IQM desenvolve
processadores supercondutores e já entregou chips de 5 qubits, trabalhando ativamente
para alcançar 54 qubits em sistemas integrados. A empresa já captou mais de 128 milhões
de euros e lidera importantes projetos europeus, como o Euro-Q-Exa, que visa integrar a
computação quântica em supercomputadores clássicos.
Na França, a empresa Pasqal se destaca por utilizar uma tecnologia baseada em átomos
neutros aprisionados com lasers, que promete boa escalabilidade e alta fidelidade. A Pasqal
já forneceu computadores de 100 qubits para laboratórios na França e na Alemanha, e
planeja sistemas com até mil qubits nos próximos anos. Outra empresa francesa de grande
potencial é a Alice & Bob, que aposta em “cat qubits”, um tipo de qubit mais resiliente a
erros. Com cerca de 100 milhões de euros em investimento, a Alice & Bob projeta alcançar a
computação quântica tolerante a falhas até o final da década.
No Reino Unido, a Quantinuum é um nome de peso. Fruto da união entre a Honeywell
Quantum Solutions e a Cambridge Quantum Computing, ela trabalha com íons aprisionados
e desenvolveu o “System Model H2”, considerado um dos computadores quânticos mais
poderosos já criados na Europa. A Quantinuum não só produz hardware, como também
software, incluindo linguagens de programação e algoritmos adaptados a diferentes tipos de
qubits.
Outra empresa britânica em ascensão é a ORCA Computing, que foca em tecnologia fotônica.
Ao utilizar fótons em vez de partículas com massa, seus sistemas funcionam à temperatura
ambiente, algo extremamente promissor do ponto de vista prático. Embora ainda operando
com poucos qubits, a empresa já atraiu importantes rodadas de investimento e colabora
com o Ministério da Defesa do Reino Unido.
Nos Países Baixos, a QuantWare tem ganhado espaço como fornecedora de processadores
supercondutores. Diferente das outras, ela atua como “fabless”, vendendo chips quânticos
para outras empresas ou laboratórios montarem seus próprios computadores. Seu chip
Soprano, de 64 qubits, tem sido considerado uma referência no setor.
A Áustria abriga a Alpine Quantum Technologies, uma spin-off da Universidade de
Innsbruck especializada em íons aprisionados. Já na Itália, a Ephos desenvolve chips
fotônicos gravados em vidro, combinando tradição óptica italiana com inovação quântica.
O ecossistema europeu não se limita ao hardware. Muitas empresas atuam no
desenvolvimento de software, controle e integração de sistemas quânticos. É o caso da
Multiverse Computing, da Espanha, que cria algoritmos híbridos voltados ao mercado
financeiro, manufatura e energia. Já a Cambridge Quantum Computing, agora parte da
Quantinuum, foi pioneira em ferramentas como o t|ket>, uma linguagem de compilação
quântica amplamente usada em experimentos acadêmicos e comerciais.
Na área de segurança, a LuxQuanta, também da Espanha, desenvolve sistemas de
criptografia baseados em distribuição quântica de chaves (QKD), tecnologia essencial para a
proteção de dados em uma era pós-quântica. A Zurich Instruments, da Suíça, complementa
esse cenário com soluções de controle e medição quântica, fundamentais para o
funcionamento dos computadores em si.
Além das empresas, é importante citar as iniciativas institucionais. A União Europeia, por
meio do programa EuroHPC e do projeto Quantum Flagship, tem financiado
supercomputadores híbridos, como o Lumi na Finlândia e o JUPITER na Alemanha, ambos
integrando unidades de computação quântica. Projetos como o Euro-Q-Exa e o VLQ
pretendem transformar o continente em uma potência global na corrida pelos qubits.
Atualmente, as abordagens mais utilizadas no continente envolvem quatro tipos principais
de hardware: supercondutores, íons aprisionados, átomos neutros e fotônicos. Cada um tem
suas vantagens e limitações. Os supercondutores são a tecnologia mais madura, usados por
empresas como IQM, QuantWare e Alice & Bob, mas exigem resfriamento criogênico. Íons
aprisionados, utilizados por Quantinuum e AlpineQT, apresentam fidelidade muito alta,
embora difíceis de escalar. Já os átomos neutros, como os da Pasqal, prometem boa
escalabilidade. A tecnologia fotônica, por sua vez, tem como atrativo a operação à
temperatura ambiente, como demonstrado por ORCA, Ephos e Quandela.
O futuro da computação quântica na Europa parece promissor. A meta de muitos dos
grupos é alcançar a computação tolerante a falhas até 2030, com qubits lógicos e
estabilidade suficiente para aplicações comerciais reais. Espera-se também uma maior
integração com áreas como inteligência artificial, bioinformática, modelagem de novos
materiais e criptografia pós-quântica.
No entanto, há desafios significativos: a necessidade de mão de obra altamente qualificada,
o custo elevado dos equipamentos e a incerteza quanto aos padrões internacionais. Ainda
assim, a diversidade tecnológica e institucional da Europa coloca o continente em posição
estratégica frente à concorrência dos Estados Unidos e da China.
Em resumo, a Europa abriga uma constelação de empresas e iniciativas promissoras em
computação quântica. Desde fabricantes de chips como IQM e QuantWare, até
desenvolvedores de software como Multiverse e Cambridge Quantum, passando por
plataformas híbridas como as da Quantinuum e infraestrutura pública avançada via
EuroHPC, o continente constrói um ecossistema maduro, ambicioso e com metas claras para
a próxima década.
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