Gravidez e câncer de mama: como conciliar tratamento e saúde do bebê?

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Gestantes podem precisar de tratamento especializado com profissionais das áreas de ginecologia e oncologia.

A descoberta de um câncer de mama nunca é uma notícia fácil, mas quando isso acontece durante a gravidez, as preocupações são ainda maiores. Foi exatamente isso que aconteceu com a cantora gospel Camila Campos que, com sete meses de gestação, foi diagnosticada com a doença.

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, sendo também o que mais mata o público feminino no país, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O diagnóstico durante a gravidez é um episódio raro, que acontece com uma a cada 3 mil gestantes, de acordo com o Ministério da Saúde. 

Quando isso ocorre, a recomendação é para que as pacientes façam o acompanhamento conjunto entre um ginecologista especializado e a equipe oncológica a fim de protegerem a própria saúde e a do bebê. O Ministério da Saúde afirma que os casos são um desafio em relação à terapia ideal para a mãe e o feto. Por esse motivo, o tratamento deve ser especializado, considerando o estágio da doença, as condições de saúde da paciente e as particularidades de cada gestação.

No caso da cantora Camila Campos, a doença foi descoberta no estágio avançado. No dia 24 de julho, ela deu à luz a Sofia, sua segunda filha, fruto do casamento com o jogador de futebol Leo Zagueiro. No Instagram, onde soma mais de 170 milhões de seguidores, ela se declarou à menina.

“Filha, aguentamos muita coisa juntas, né?! Mamãe sempre muito preocupada com você, quando, na verdade, era você quem estava me fortalecendo! Era você em mim, o tempo todo me mantendo forte, corajosa e firme. Era você dentro de mim que me dava colo, que acalmava meu coração, que me fazia ter força para continuar, apesar das dores”, escreveu. “Agora, filha, eu só quero agradecer a Deus, tá bom?! Porque você chegou! Aguentamos, sim, filha, conseguimos sim, meu amor, minha sabedoria! Vem para o colo da mamãe!”

Diagnóstico é mais difícil durante a gestação 

Campanhas como o Outubro Rosa ajudam a conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Entretanto, no caso das gestantes, a descoberta da condição tende a ocorrer de forma tardia. 

Segundo informações do Ministério da Saúde, isso ocorre devido às mudanças que as mamas sofrem durante o período gestacional. Nessa fase, as gestantes sentem a região mais densa e dolorida, o que dificulta perceber os sinais da doença. 

O Instituto Oncoguia destaca que o diagnóstico também demora a acontecer, pois algumas mulheres preferem não fazer a mamografia durante a gestação com receio da radiação. Nesse caso, elas podem recorrer a outros exames, como a ultrassonografia, que oferece pouco risco para o feto. 

Em entrevista à imprensa, o mastologista do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), Juliano Cunha, ressaltou que as mulheres grávidas precisam prestar atenção em qualquer mudança nas mamas que seja persistente. A orientação é consultar o médico imediatamente, pois detectar o câncer precocemente pode aumentar as chances de cura. 

Tratamento de câncer é diferenciado na gestação 

Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento para câncer de mama inclui o uso de terapias como quimioterapia, radioterapia e medicamentos hormonais. Em alguns casos, pode haver a necessidade da mastectomia. 

Para gestantes com câncer de mama, as autoridades de saúde ressaltam a importância de um tratamento especializado. O Ministério da Saúde explica que a abordagem utilizada pode variar de acordo com o quadro de cada paciente.

Em entrevista à imprensa, a mastologista e preceptora da residência médica em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), Raquel Rodrigues, explicou que o tratamento para doença em gestantes consiste em cirurgia, quimioterapia após a 13ª semana de gestação, radioterapia e terapias alvo somente após o parto. 

A profissional informa que o risco de desenvolver a doença é maior entre as mulheres que optam em atrasar a gravidez, visto que a idade média de maior incidência gestacional ocorre entre 32 e 38 anos. 

Tiago Candido